Oeiras, uma cidade aprendendo a andar de bicicleta

Um grupo de amigos se reuniu e decidiu pedalar pelas ruas e trilhas de Oeiras. Os encontros aconteciam às quintas-feiras, no turno da noite. O ano era 2012 – nascia ali o Pedal Noturno. Em pouco tempo, o movimento atraiu alguns outros amantes do ciclismo e despertou a atenção de mais pessoas para o esporte.

Foto: Moisés Saba

No mesmo ano, a cidade recebeu ciclistas de várias regiões do país na primeira edição do Desafio da Primeira Capital. “Entrei em contato com atletas do meio, já existia o campeonato estadual e ia ter uma competição em José de Freitas. Lá eu vi toda a cenografia, achei ótimo e me inspirou: vai dar certo fazer em Oeiras”, comenta Último Campos, ciclista e organizador da competição.

“Oeiras tem o diferencial de unir o apelo histórico da cidade com o esporte. Foi uma ideia ousada. É um evento caro, tive que arregaçar as mangas para conseguir patrocinadores. E na primeira edição já entramos no calendário estadual [do campeonato de Mountain Bike]. O evento deu grande destaque para a cidade e diversos atletas”, conversa o ciclista.

Um ano depois, o Desafio já valia como etapa do ranking nacional da modalidade esportiva e contou com atletas de mais de dez estados em busca de pontuação. Entusiasta do ciclismo, Último conta que viu na competição um projeto social. “Tanto que nas três edições, tive a preocupação de contabilizar os competidores oeirenses para mensurar o retorno da prática do esporte”, pontua.

E a cada edição o número de oeirenses competidores só aumentou. “Na primeira, tivemos 80 participantes, sendo três oeirenses; na segunda, 170 no total, 15 oeirenses; na terceira, 180 atletas com cerca de 30 competidores de Oeiras”, contabiliza.

50 km por dia

Lucélio Aquino, 40 anos, começou a pedalar aos 37 e hoje é um dos grandes nomes do ciclismo em Oeiras. Em 2016, o atleta participou de quatro etapas do Campeonato Piauiense de Mountain Bike e do Ceapió, um rally em cidades do Ceará e Piauí que reúne centenas de competidores.

Aquino diz que iniciou no esporte apenas para praticar uma atividade física. Atualmente, ele treina quatro dias na semana, pedalando cerca de 50 km por dia. A rotina intensa de treinamento é para participar do Piocerá, em janeiro de 2017.

“Acho que nós esportistas precisamos de mais incentivos financeiros para poder participar de grandes competições”, defende o atleta, que sempre figura no pódio das competições que participa.

Oeiras Bike Clube

O crescimento no número de atletas na competição, realizada em Oeiras até 2014, refletiu na quantidade de praticantes assíduos do esporte na cidade e na criação de uma associação voltada para o ciclismo – a Oeiras Bike Clube (OBC). “Nosso objetivo é fortalecer a representatividade do esporte em Oeiras”, diz Último, que juntamente com outros atletas fundou a associação em abril de 2015.

Uma parceria da OBC com a secretaria municipal de Esportes e Lazer possibilitou o retorno do Pedal Noturno, embrião da prática esportiva do ciclismo em Oeiras, que havia sido desativado. Provisoriamente interrompido por causa das festas de final de ano, o projeto tem perspectivas deve voltar em 2017.

Reunindo, atualmente, quase 50 associados a OBC tem como missão orientar e defender os diretos dos ciclistas. Outra bandeira da associação é a criação de um órgão que regulamente e fiscalize o trânsito na cidade. “Oeiras requer um órgão que regulamente e faça valer as leis de trânsito. Sem um órgão de fiscalizador, ciclistas serão desrespeitados”, pondera.

Ciclomobilidade

Com o aumento do número de ciclistas no trânsito da cidade, Oeiras ganhou, no final de 2015, cerca de 2km de ciclofaixas, que passam pelas ruas Joel Campos, Rui Barbosa e José Tapety. A implantação das faixas exclusivas para ciclistas e pedestres facilita a mobilidade de quem anda de bicicleta.

Entretanto, a instalação do equipamento expôs a necessidade da realização de campanhas de educação de trânsito em Oeiras. No início deste ano, o Detran-PI realizou uma blitz educativa no trânsito da cidade, mas medidas do tipo não acontecem com frequência. “As discussões sobre ciclomobilidade chegaram às administrações públicas e ao Detran, mas precisam avançar”, diz Último.

Pedal na fazenda

Em abril de 2017, Oeiras deve atrair ciclistas de várias cidades do Piauí, no Tabuleiro Cross – evento realizado na Lagoa do Tabuleiro, fazenda histórica, situada na zona rural da cidade. Criada em 2015, a competição tem uma característica mais íntima se comparada ao Desafio da Primeira Capital. “O Tabuleiro é aberto ao público, mas tem um perfil mais restrito no que diz respeito ao número de competidores”, revela Último.

Os participantes percorrerão uma trilha de 7km dentro da área da fazenda. Além de ciclismo, acontece também uma corrida no mesmo circuito. A expectativa da organização é que o evento reúna 80 velocistas e 140 ciclistas.

Parceria para o futuro

De olho no futuro e no aumento do desempenho dos atletas oeirenses, a OBC pleiteia junto a Audax, linha de bicicletas esportivas do grupo Claudino, uma parceria que pode resultar na realização de grandes eventos de ciclismo em Oeiras.

Se consolidada, a parceria deve dar ainda mais impulso ao ciclismo na cidade que está aprendendo andar de bicicleta.

 

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Jadson Osório

Repórter

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